domingo, 3 de abril de 2016

Hastings e o portal 

Toda cidade, por mais interessante, bonita e bem cuidada, sempre vai ter um ponto onde a segurança não é boa ou, no mínimo, você não deve ficar de bobeira. Já passei por vários lugares que não inspiravam confiança, mas nenhum deles foi igual ao portal do inferno da Hastings, em Vancouver. Sabe o episódio que contei aqui, do mendigo que parecia um guia turístico com pós em economia? O causo de hoje aconteceu um dia antes dele, e o nosso "guia" bem que avisou. 
A Hastings é uma grande avenida que, como muitas no Canadá, cortam a cidade. É bem comum por lá avenidas que chegam a cruzar todo um estado. Acho que não é o caso da Hastings, mas ela decerto cobre o centro e outros bairros por ali. Terminamos a aula do dia e partimos pela Pender Street para conhecer Chinatown, o bairro chinês que fica ao lado do centro. No caminho topamos com uma loja muito doida, literalmente! Uma loja inteira dedicada à Canabis. Isso por si só era mais que inusitado para nós. A loja tinha de tudo pra quem queria apertar mas não acender na hora. Vendia mudas e produtos a base de maconha. O cliente saia dali cheio de sorrisos e foi engraçado e curioso assistir a um pouco disso. 
Continuamos nossa odisséia rumo ao lugar dos chinas. Chinatown tem em tudo que é lugar. Já conhecia a Chinatown de Toronto e a de Vancouver estava quase ali. É a maior do Canadá! A entrada do bairro tem um portal bacana chamado Millennium Gate e tudo por lá tem o toque da decoração oriental. Dragões estavam em tudo que é lado.
As quitandas e mercearias, lotadas de artigos da culinária chinesa, eram muito interessantes. Tinham de tudo, de vegetais estranhos a cogumelos esquisitos, de peixes ressecados a lagartos crucificados. Tinha que ter estômago, pois o cheiro não era dos melhores. Ok, chega de ser politicamente correto. Fedia muito!!!
Ficamos nos divertindo por lá e tirando fotografias a cada quitanda. Veio o açougue e para mim foi game over. Joguei a toalha e falei para os amigos que já estava embrulhando de ver aquelas comidas. Eu não era o unico, mas já estávamos longe, era hora de voltar. Nosso plano era contornar o quarteirão, passando na frente de um parque que tem lá , e pegarmos o sentido contrário. Eu ia um pouco mais a frente do grupo, já que alguns ainda estavam tirando foto fazendo cafuné no lagarto ressecado e crucificado. Nem virei bem a esquina e notei que havia algo estranho. 
As pessoas daquele ponto em diante eram muito estranhas. Muitos vinham na nossa direção com olhar vago, longe. Num meio-fio, um cara vomitava. No outro lado, uma mulher andava com cara de zumbi e era seguida de perto por outra, mais velha. Nessa altura, nossos amigos já tinha se reagrupado. Todos atonitos: tínhamos atravessado o portal do inferno. Mais a frente uma mulher com a calça moleton, toda mijada, vagava estranhamente. Se ali fosse a porta de um cemitério, eu não saberia dizer se ela estava chegando ou saindo. Muito surreal.
O cenário de filme de terror tinha um motivo. Logo a frente da esquina, do outro lado da calçada, um cara sentado numa dessas cadeiras universitárias atendia a uma fila quilométrica. Estávamos dentro da boca de fumo de Vancouver. Passamos por um gueto daqueles bem típicos de filme, com uma turma nada bonita aquecendo-se no fogo de um latão e apertando um cachimbo da paz. Uma de nossas amigas, não sei se atendendo ao seu instinto jornalístico ou por não ter percebido a natureza do local onde estávamos, tirava fotos de tudo alegremente. Falei "Roberta, hoje não é um bom dia para morrer! Já olhou onde estamos? ". Saída pela direita! 
O.O
Algumas dicas:
- Não vá para o final da Hastings; 
- Chinatown vale a visita, mas prepare o estômago nas quitandas e açougues;
- Há uma estranha aceitação ou conivência com drogas por lá. Em um dos dias, andando pelo Stanley Park, a marola estava fortíssima!

Take care !

A lojinha da Maria Joana

Millenium Gate

Decorações chinesas


Uma quitanda de produtos típicos

Eca !

O beco onde quem entra não sai :D

sábado, 26 de março de 2016

Coisas que só acontecem em Portugal

Antes de começar esse texto,  vou deixar bem claro que Portugal é um lugar agradabilíssimo e não fui em nenhum momento mal tratado nas vezes que lá estive. Fui em 2009 por cerca de dez dias e retornei recentemente,  em 2015, aproveitando algumas horas de longa conexão. O causo que vou contar foi exatamente dessa segunda vez.

Meu vôo para Moscou tinha  uma parada em Lisboa. Aproveitei a oportunidade para escolher a passagem com maior parada possível a fim de conhecer mais um pouco da terra dos patrícios. Sempre há algo para se ver (algo novo ou de novo).

Avião no chão, imigração tranquila,  fui para a rua. Uma boa notícia: entre 2009 e 2015 eles fizeram o metro chegar até o aeroporto. Isso sempre é prático.

O causo começa já no final da visita. Com pouco tempo, sai na praça do Rossio e fui até o Terreiro do Paço, pegando uma das ruas que sobem pelo bairro antigo da Alfama até chegar no Castelo de São Jorge. Fui por ali porque não o tinha visitado na primeira vez. Na volta, parei numa das ótimas confeitarias da rua Augusta para experimentar algumas guloseimas portuguesas.

Pedi algumas coisas e fiquei lembrando de uma grande amiga que morou por ali. Rejane certa vez me contou que estava saindo de uma consulta em um prédio comercial. Chegando no saguão,  reparou que o elevador estava parado no andar. Ela correu gritando "desce, desce!". O que aconteceu ? Todo mundo desceu do elevador ... hahaha haha

Parece piada, mas não é. Eu estava justamente lembrando disso e rindo sozinho quando terminei de lanchar e pedi a conta.

- 15,40 euros

Dei uma nota inteira, 20 euros ou sei lá, e 40 centavos. O garçom olha as moedas e diz:

- Para que isso ? Gorjeta?

Não consegui disfarçar o riso na frente do cara ...

O.O

Algumas dicas:

- Essa área da Alfama é muito gostosa de se conhecer a pé. Com tempo, vá ver o Fado.

- De metrô é possível ir a tudo quanto é lugar. Geralmente há uma fila enorme logo na entrada dele, para compra do ticket. Reparei que havia uma outra fila menor para a esquerda, e como fica menos aparente, vale mais a pena;

- Conexões longas são ótimas para conhecer alguns pontos turísticos, mas não deixe de contabilizar o tempo na imigração,  o translado de ida e volta e também se suas malas serão despachadas diretamente.

Até mais!

Alfama

Terreiro do Paço



Praça do Rossio 

D. Pedro I

quinta-feira, 24 de março de 2016

Fato Estranho

Para quem gosta de história, Portugal é um lugar excepcional. Além de uma história riquíssima e intimamente ligada à nossa,  os monumentos históricos são muito bem conservados. Em alguns lugares, você parece estar ainda no século XV.

Quando estive lá, rodei praticamente tudo. De Lisboa para as belas praias do Algarves e depois subindo em direção a Aveiro. Como férias é tudo festa, aproveitei para conhecer um cassino. Havia um bem bacana em Estoril, e fui lá perder alguns Euros.

A experiência foi valida, mas nunca perdi uma grana tão rapidamente. É o tipo de coisa que não é para mim. Rodando pelas mesas, era de assustar a quantidade de fichas de alto valor em uma única aposta. Coisa de louco mesmo.

Continuei subindo em direção a Aveiro. Cheguei a uma cidade de praia chamada Figueira da Foz. Praia bacana com uma faixa de areia gigantesca e nome de azeite, Figueira da Foz tem ruínas de um pequeno forte e um centrinho pequeno, mas acolhedor.

Anoiteceu e, bem a vontade, fui comer e dar uma volta. Filmadora na mão,  avistei um cassino e decidi dar uma olhada, já que não havia muito mais o que ver. Cheguei na entrada e veio o segurança :

- bla bla bla bla

Não entendi nada. Você acha que fala português. Isso vale até você visitar Portugal e entender muito mais quando ouve algo em inglês do que a eles falando nosso idioma . Lógico que isso não é sempre, mas vai ser verdade quando você mais precisar.

Pausa para uma mini-explicação: se na padaria te oferecerem um cacetinho, não tente pular o balcão para encher o bacalhau de porrada. Ele está só te oferecendo um pão francês.

Voltando:

Fiz cara de WTF e o segurança repetiu:

- Fato estranho.

Continuei sem entender. Que fato tinha acontecido e era estranho ? Estava sendo barrado, isso era aparente,  mas por quê?  Algum ataque terrorista rolando? Ahhhhhhh, a câmera!  Mas estava desligada e eu não tinha intenção de usá-la dentro do cassino. Retruquei:

- Fique tranquilo, não pretendo gravar nada. Vou até guardá-la no bolso. O cara repetiu:

- Não, não, fato estranho!

Eu já estava quase pedindo pra ele desenhar quando ele apontou para minha calça de tactel: fato estranho, me desculpe, não pode entrar!

:/

- Nem queria mesmo ... e tive de dar meia-volta completamente sem graça hahahahaha fui barrado !

O.O

Algumas dicas:

- Estoril tem praia, tem o cassino, tem um bom shopping para compras e, para quem curte, tem um autódromo que faz parte do mundial de F1;

- Mais acima estão dois lugares menos conhecidos, mas muito bonitos: O Cabo da Roca e as Azenhas do Mar;

- Figueira da Foz tem a praia bacana. Só;

Até mais !

Cabo da Roca 

Ponto mais ocidental da Europa 

Praia de Tamariz, Estoril 

Primeiro Mundo 

Vancouver é uma cidade sensacional - quando não está chovendo. Lá chove tanto que os locais a chamam de Raincouver. Acho que tive muita sorte, no meio do azar que foi ter escolhido minha primeira viagem para o Canadá para acontecer na primavera. Praticamente um marinheiro de primeira viagem,  tinha pouca experiência e confiei sem questionar na sugestão do agente de viagens. O fato é que o Canadá é gelo puro fora do verão,  e eu queria muito fotografar os lagos com as cores lindas que tem, não o branco que toma conta de tudo. Imaginei que na primavera estaria tudo muito bonito,  mas me enganei totalmente. Gelo para tudo quanto é lado.

Pausa para um sub-causo:

Se você nunca viu neve, aposto que você deve ter o sonho de vê-la. A imagem mental de todos se divertindo criando bonecos de neve no jardim ou fazendo guerra de bolas de neve é algo que todos tem, até finalmente realizar o sonho de vê-la. 

- primeiro dia na neve: nossa, que coisa linda ! É perfeita ! Tudo branquinho ! Você se joga no chão,  brinca de jogar neve nos outros e tudo é maravilhoso. Tombos são motivos de muitos risos.

- segundo dia na neve: Muito legal essa neve, né ? Olha que barato tirar a neve de cima do carro !

- terceiro dia na neve: É. Neve, né ? Branca ...

- quarto dia na neve: Que £€%=¥$#@ de neve ! Tomei um escorregão nessa piiiiiii, e ainda tenho que desenterrar meu carro dessa piiiiiii, que desgraça,  todas as minhas fotos estão iguais, parece tudo o mesmo local por causa dessa piiiiiii.

Voltando ao causo ...

Nesse contexto, tive sorte. Praticamente não choveu no período em que estive lá. 

Em um dos dias, terminada a aula (estava estudando ingles), decidimos conhecer Gastown,  o lado histórico da cidade. Bairros históricos sempre tem um charme especial e Gastown não seria diferente.  Do calçamento ao formato dos prédios, o local é agradável e, em comparação com os arranha-céus do centro, uma viagem no tempo. Gastown também tem um marco, um ponto muito visitado lá. Um relógio a vapor que toca alguns acordes nos quartos de hora. 

Máquina em punho, lá fomos nós turistar pelo bairro antigo. Andamos por tudo até a chegada do relógio,  que seria o único no mundo não fosse o que temos aqui no Brasil (Campos do Jordão ou Poços de Caldas ? Não tenho certeza). Estávamos lá observando o relógio e aguardando o próximo quarto de hora quando um sujeito veio me abordar:
- Oi. Vocês são de onde ?

Carioca cismado não se desarma quando vai por ai. A primeira reação foi olhar em volta e ver se ele estava acompanhado. Em seguida, uma escaneada no sujeito, porque malandro sempre tem cara de pessoa bacana. Tudo aparentemente bem. Respondi que éramos do Brasil. 
- Ahhhh, brasileiros!  Eu sei muita coisa sobre o Brasil! Sei que a capital não é o Rio de Janeiro e muito menos Buenos Aires! 

O cara ganhou crédito. Passou a me dar uma aula de tudo que conhecia sobre o Brasil e emendou a conversa com várias dicas turísticas, inclusive sobre o relógio.

A conversa ficou animada. O relógio tocou, fez alguns poucos acordes e ele chamou atenção para que nas horas cheias o relógio toca música inteira, era o maior show. Como era próximo de 17h, esperamos mais enquanto conversava com o gringo sobre Gastown, Chinatown e o que havia no final da Hastings (já tínhamos descoberto, mas isso é tema para um outro post). 

O relógio tocou sua música toda como se fosse um daqueles órgãos de igreja bem antiga. Findo o show, o cara me olha e diz:

- Você tem acompanhado as notícias?  O governo mexeu no preço do queijo e isso inflacionou o meu Cheeseburger. O McDonald's não perdoa. Você poderia me dar um trocado para que eu possa comer meu cheeseburger? 

Foi só então que eu percebi que o cara, historiador e economista,  era um homeless,  um mendigo. Fiquei impressionado ...

O.O

Algumas dicas:

- Vá ao Canadá no verão. Fora do verão você só verá gelo e muita coisa estará fechada;

- Se for andar na neve, use meias próprias de trekking ou forre o calçado por dentro com jornal. Calçado próprio é fundamental para não escorregar; 

- Uma amiga fez uma vez uma comparação ótima. Toronto é São Paulo, Vancouver é Rio;

- Stanley Park é ótimo para passear e o aquário de lá vale a visita. Não perca a beluga (não, não é a batata rostie, é uma espécie de baleia branca );

- Final de semana em Grandville Island e comidas no mercado de lá;

- É um ótimo lugar para imersão em inglês. Várias escolas de ESL, preço médio melhor que nos outros lugares do Canadá e, na epoca, um mês lá pagava só uma semana em NY;

- Vancouver é set de gravação de vários filmes e séries americanas. Pelo que me disseram, tem a ver com impostos mais em conta. Enquanto estava lá, vimos a filmagem de um dos High School Musical. Também já reconheci vários lugares em filmes;

- Vancouver também é atração para gamers. Algumas empresas top desse mundo de games tem sede lá, incluindo a EA Sports; 

- Deixe para comprar souvenirs em Gastown. Tem milhares de lojas disso por lá. 

Take Care!


Centro de Vancouver visto do Stanley Park 


Granville Island

Lake Louise completamente congelado 

terça-feira, 8 de março de 2016

Brasileiro é onipresente

Dizem que tem brasileiro em tudo quanto é lugar. Isso é até uma boa constatação, já que depois de ouvir língua de gringo o tempo todo, é um grande refresco para os ouvidos escutar o português. Nada me remete tanto a essa figura do brasileiro onipresente quanto o que ocorreu comigo no México, já no final do ano 2000.
Estava trabalhando para uma multinacional ligada à serviços de TI. Era o que ficou conhecido como bolha da Internet, com empresas faturando muito e pagando muito bem. Foi o primeiro e único local onde trabalhei que, na contratação, recebi luvas. Senti-me na época como um jogador de futebol!
Tão logo as operações no Brasil começaram, fomos mandados à Cidade do México para um treinamento em Vignette, ferramenta poderosa de publicação de conteúdo hoje presente nos maiores portais de Internet do mundo. A viagem começou estranha para mim, já que minhas malas foram extraviadas e levaram quase dois dias para chegar. Quando chegou, cai na besteira de lustrar meus sapatos com uma espécie de Nugget fornecido pelo hotel. Aquilo corroeu meu sapato em minutos e tive de usar tênis e jeans ao invés de uma roupa mais formal. Isso não foi problema em uma empresa onde as pessoas andavam com cabelos verdes e de patinete pelos corredores. Tempo bom esse da bolha de Internet!
Pausa para eu contar um causo dentro do causo.
A Cidade do México do ano 2000 era bem diferente de como está agora (eu a revisitei no final de 2015). Policiais andavam altamente armados, até granada tinham no colete. Hora do almoço, fomos para o restaurante sugerido para que todos pudessem almoçar juntos. Não obstante o buraco de tiro em uma das vidraças, o restaurante parecia bom. Serviram-nos uma galinha com uma cara muito estranha. Olhei, olhei, olhei ... meu amigo e diretor que estava conosco perguntou:
- Que cara é essa, Tony ?
- Estou sem coragem para orar agradecendo a comida ...
Muitos risos na mesa e uma colega solta a pérola:
- Eu sei fazer frango. O meu não fica com essa coisa verde não!
Game over no almoço. Tive de recorrer a um omelete depois.
Retomando o fio da meada, primeiro dia de aula e o professor não apareceu. Problemas no vôo. Oportunidade para turistar ! Corremos para o hotel e marcamos um passeio de táxi até Teotihuacan, cidade com ruínas incluindo piramides.
Pausa para um novo causo dentro do causo.
Apesar de não ter tanto tempo assim, o trânsito por lá era mais do que caótico. Vimos vários exemplos surreais, como o motorista que largou o carro no meio do trânsito para cumprimentar o amigo na calçada. Pelo que pudemos entender, as regras de trânsito eram meio soltas, não havia lá um similar ao Detran. Não foi surpresa o taxista nos contar que a regra implícita de preferência nos cruzamentos era para o mais "conhecido" ou influente. Ficamos intrigados sobre como tal regra implícita funcionaria até termos uma demonstração. O taxista parou no cruzamento e havia outro carro também. Ele ameaçou cruzar quando notou que o outro carro também estava avançando. Ele freou bruscamente o carro, colocou quase meio corpo para fora da janela e esbravejou:
- Es maluco? No me reconoces? Mira acá (Ou algo parecido).
Surreal, mas era assim.
Chegamos em Teotihuacan e o taxista, que também era guia, passou a nos explicar detalhes do lugar. Fomos liberados e corremos a subir a enorme pirâmide da Lua. Quase no topo não havia degraus, eram mais um amontoado de pedras. A maioria parava por ali, mas nós não estávamos vindo de tão longe para desistir assim. Continuamos numa quase escalada. Chegamos no topo da piramide. Hora de descansar e admirar o vale de lá de cima, mas fomos interrompidos por alguém que, subindo, quase escorregou. Não tinha dúvidas, era um brasileiro! Suas singelas palavras ao escorregar foram:
Opção 1) - Puxa, que susto. Quase caio desse local bacana!
Opção 2) - Por..., que mer..., quase caio lá na pqp! Pedra filha da p...
Sorrimos dando as boas vindas ao espírito da Dercy Gonçalves ...
O.O
Algumas dicas:
- A Cidade do México melhorou sensivelmente de 2000 para cá. Por ser enorme, há locais mais pobres onde a sensação de segurança é menor. Em muitos, convém tomar precauções normais para uma grande cidade;
- A rede metroviaria é vasta e acessível a partir do aeroporto, embora a estação não seja dentro dele (andei uns 5min). Esse trajeto é ermo de noite;
- Teotihuacan é muito legal para quem curte história e ruínas. Leve protetor solar e disposição, porque é muito grande. Não gaste em excursões para lá. Pegue o metro, solte na estação Autobuses del Norte. Essa é uma estação de ônibus com saídas para várias cidades do interior incluindo a Zona Arqueológica de Teotihuacan;
- O parque Chapultepec vale a visita. Há vários museus lá e o próprio parque é muito agradável. Há um castelo museu, mas não consegui tempo para visitá-lo;
- Algumas estações do metrô não tinham identificação (eu procurei muito e não achei). Normalmente, as de superfície. Logo ao entrar no vagao, fique de olho no mapa de estações e vá contando as paradas. Você pode ser chato e ficar perguntando toda hora também;
- Metro em horário de rush é lotado em qualquer lugar do mundo;
- A praça dos Mariachis é pitoresca, mas não aparenta ser segura;
- Nas imediações do Zocalo há ótimos restaurantes de comida tradicional Mexicana;
- Burrito al Pastor e suco de Horchata. Ambos imperdiveis.
Hasta Luego!

Horchata ! Bebida deliciosa

Pirâmide do Sol - Teotihuacan

Igreja no Zócalo

Aeroporto de Ciudad del Mexico


Burritos e Frijoles refritos

Inventando palavras em Mérida - Espanha
Espanha é um país sensacional, com uma mistura de culturas apaixonante. Mérida, por exemplo, é um verdadeiro museu romano. Há tanto de história lá que se alguém fizer um buraco no quintal de casa topa com alguma ruína romana.
Erguida sob o nome de Emerita Augusta, Mérida possui inúmeros monumentos muito bem conservados, incluindo uma arena que, ao contrário do Coliseu de Roma, é completamente aberta para visitação. Por conta disso, ela entrou no meu roteiro quando passei por lá em 2009.
Meu espanhol é sofrível, admito. Ele é uma grande prova de que nada é tão ruim que não possa piorar. Se é ruim agora em 2016, imagina em 2009. No entanto, viajar exige uma certa dose de cara de pau. Totalmente justificável inventar palavras, e eu não tenho o menor problema com isso. Manuel Bandeira não inventou o verbo intransitivo Teadorar ? Eu sigo em espanhol preenchendo em real time as lacunas do meu vocabulário. E foi exatamente isso que eu fiz no saguão do hotel em Mérida, onde eu estava hospedado.
Faltava pouco para as 22h e eu estava descendo para jantar sem a menor ideia de onde fazê-lo. Fui me entender com o rapaz na recepção do hotel:
- Do you speak English?
Cara de paisagem do outro lado. Hora do improviso:
- Me gustaria jantar. Donde poderia ir ?
Ok, eu sei que está tudo errado, mas a mímica espontânea o ajudou a entender. O cara me indicou dois restaurantes. Deu os nomes, mas eu precisava saber como chegar lá, se eu precisaria do carro e se daria tempo. Perguntei quando fechavam e o rapaz disse:
- A las diez!
Putz! Estava no laço! Se fosse perto o bastante, daria tempo. Foi quando fui ao fundo do poço linguístico:
- Es pierto?
Sim, o sujeito não entendeu e fez a mesma cara que você...
O.O
Algumas dicas:
- jantar == cenar. Perto de == cerca. Pertinho, muito perto == cerquita;
- Estranhamente, os restaurantes de Mérida fechavam na hora do almoço para a siesta. Isso não fez o menor sentido, mas é fato que tive de procurar bastante um restaurante aberto;
- O templo de Diana é uma linda construção, bastante acessível e merece uma visita tanto de dia quanto de noite, por causa da iluminação. Tive uma história ruim em relação a isso. Fui de noite, a pé, até o templo para fotografá-lo. Fiz fotos lindas, não tinha uma viva alma lá para atrapalhar as fotos, mas cometi algum engano ao descarregar o cartão de memória e perdi todas as fotos noturnas dele. Grande perda;
- Um grupo grande de monumentos pode ser conhecido a pé. Anda-se muito, mas praticamente tudo de mais interessante está no entorno;
- O anfiteatro e a arena estão em ótimo estado de conservação. Vale a visita. Como disse acima, é permitido entrar no centro da arena. É de arrepiar imaginar que eu estava pisando no mesmo lugar onde, há vários séculos, gladiadores morreram e mataram.
- Há uma Plaza de Toros lá. Não aprovo esse tipo de atividade, acho uma crueldade enorme e sempre torço para o toureiro se ferrar. O local em si também vale algumas fotos;
Hasta luego!

Plaza de Toros 

Templo de Diana 

Anfiteatro Romano 

Ponte sobre o rio Guadiana 



Imagem & Ação Nível Hard - O copinho de Edmonton
É comum que amigos peçam para trazer coisas quando ficam sabendo que vou viajar. São as famosas "encomendas". Já tive muitas, mas nenhuma tão curiosamente diferente quanto a que recebi às vésperas da minha ida ao Canadá: pediram-me para trazer um coletor menstrual.
- Hã? Coletor o quê?
- Coletor menstrual. É um copinho de pepeka, para dispensar o absorvente!
- OK ... (sim, eu fiz a mesma cara que você deve estar fazendo agora)
Minha passagem por Edmonton foi bastante improdutiva. Tinha 4 dias na cidade por conta algumas atrações interessantes, mas pouco antes de viajar soube que duas delas estavam fechadas. A vila ucraniana e o Fort Edmonton são museus a céu aberto e ficam em funcionamento entre meados da primavera e meados de outono. Como eu estava chegando no final do outono, perdi a chance de ir lá e os 4 dias mais que sobraram. Solução: andar pelo West Edmonton Mall, o maior shopping da América do Norte.
Foi em uma dessas andanças pelo shopping que lembrei da encomenda inusitada. Entrei numa loja dessas que vende de tudo e fui perguntar a uma pessoa da loja se teria o produto. Só quando a moça já estava atenta para minha pergunta que me dei conta de que não fazia idéia de como me expressar sobre aquilo em ingles:
- please! Ahhhhhh ... Ahhhhhh ... Ahhhhhh ...
Que situação constrangedora. Lá estava eu empacado no inglês, tentando perguntar se vendia copinho de pepeka.
Meu inglês é bom até que se prove o contrario. Em geral, o vocabulário para comidas é sempre um tropeço. Percebi que nesse assunto também precisaria de ajuda. Obviamente, nada melhor que mímica para ser entendido. Mas, e aí? Como fazer mímica de copinho de xoxota?
A cena que se seguiu foi algo hilario. Ora eu falando glass, como se estivesse segurando um copo, ora falando women e fazendo como se algo estivesse jorrando das pernas. Outra ajudante veio se juntar a que já estava comigo. Pronto! Agora tínhamos um time inteiro jogando Imagem & Ação em um dos corredores da loja, e ninguém acertava o raio do copinho.
Até hoje não sei se a loja tinha ou não o produto, mas eles devem achar que brasileiro é tudo maluco.
O.O
Algumas dicas:
- A cidade de Edmonton em si tem algumas atrações interessantes, como o Elk Island Park, o avistamento de animais selvagens nos parques, a Vila Ucraniana e o Fort Edmonton. No entanto, atrações a céu aberto no Canadá tendem a funcionar no verão apenas. Certifique-se antes, planeje-se;
- O West Edmonton Mall é realmente muito grande. Tem uma cópia fiel de uma das caravelas de Colombo, um estande de tiro, um parque aquático com águas quentes e piscina com ondas, um parque de diversões com montanha russa e muitas lojas;
- Edmonton é um lugar caro. Os preços de Toronto são bem melhores;
- dica de ouro para compras no exterior: Cidades mais remotas tendem a ter preços mais altos. No entanto, em países com taxas diferenciadas por estado, essas mesmas localidades tem taxas bem menores. Por exemplo, enquanto em Toronto o imposto chega a 13%, em Edmonton é de apenas 5%. Por conta disso, em Edmonton compre em lojas de grandes cadeias, como a Best Buy, já que nessas o valor é o mesmo em qualquer cidade, e você vai pagar apenas 5% de imposto.
- De maneira geral, o vendedor canadense é muito bem preparado e conhece bastante do que sua loja vende.
See you !

Frio demais !!!

Chovendo, tudo bem, mas quero ver quem vai dançar na nevasca

Nevasca em Edmonton

Não parece, mas o lago aí está completamente congelado

Bisões no Elk Island